sábado, 21 de agosto de 2010
Sede de palavras
Sinto-me inspirada, e nostalgiada. Sinto sede de palavras, isso me consome tranquilamente. Sinto falta de coisas que não tem nome. Sinto falta, mas não sei bem se sinto isso mesmo. Como explicar a saudade que se sente, de uma coisa que simplesmente não existe ? Acham isso estranho. Já eu parei de achar as coisas. Minha opinião não está valendo muito. Nunca valeu realmente. Para falar a verdade, eu não me sinto inspirada. Peço-lhes desculpas quanto a minha singela mentira, mas é que eu nunca tenho inspiração, só precisava de algo para começar. Não sei porque ainda continuo a escrever. Como eu disse, eu sinto sede de palavras. Queria poder colocar todos os meus pensamentos para fora de mim, mas queria que isso fizesse algum sentido. É uma tentativa vã. Sinto sede de palavras sim, mas é uma sede que eu não posso saciar. É mais forte do que eu. Na realidade, eu sou pouca coisa agora. E o que eu sou não importa muito. O que importa é o momento. É o meu momento. Meu momento de fraqueza. Meu momento de devaneio. É isso que eu sou. Apenas. Agora estou com saudade de pessoas.Divertidas, que amam a vida. Nunca conheci tais pessoas, mas sinto falta delas. Elas ocupam muito espaço dentro de mim. São elas, o meu amor por elas, e mais devaneios. Mais pensamentos irracionais. Tenho que parar de pensar. Pensar cansa, e geralmente eu não chego a nenhuma conclusão. Acho que hoje realmente não é meu dia. Estou dizendo, ou tentando dizer algo que não sei. Essa é a verdade. Não sei o que lhes dizer. Uso esse pronome como se conhecesse quem fosse ler. Tomara que ninguém. Não desejaria que alguém se perdesse tanto quanto eu estou perdida. Sinto-me num labirinto, um labirinto de palavras. Ainda estou tentando achar palavras coerentes e acabar logo com isso. Não consigo. Minha garganta queima. Meus dedos tremem. Meus olhos piscam sem controle. Tenho sede de palavras, isso me consome mais. Quero colocar tudo pra fora, mas as palavras não são minhas amigas. Elas saem distorcidas, ou é apenas meus pensamentos que não tem ordem. Talvez seja isso. Estranho não ? Não consigo dizer o que sinto, ou mentir sobre alguma coisa. Defeito de sinceridade oculta. Minha sinceridade é gritada pra mim em silêncio. Faltam-me palavras para expor-me. Queria que me conhecessem. Queria que vissem essa confusão de vagas palavras nos meus pequenos olhos escuros. Queria que usassem meus olhos como pontes, que atravessassem e vissem a minha agonia interna. Queria que pudessem me ajudar. Mas ninguém pode. Nem eu posso comigo mesma. Quero ordem. Quero cascata de palavras. Queria que não sentissem minha confusão. Mas eu sempre quero muito. Tenho que querer parar de querer. Ainda sinto sede. Perdida no labirinto de palavras para sempre. Com sede. Sinto-me inspirada. Mentira. Ainda sinto minha confusão na pele, no suor escorrendo na minha face, na minha cabeça girando. Sinto-me pálida. Sinto o frio. Sinto sede de palavras, isso me consome aos poucos, tranquilamente. Não sinto mais nada. Parei de sentir. Não acredite.
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